O Espírito de Ciência e o Seu Renascimento


O texto abaixo representa a base filosófica do blog Polymath Sirius ASociety. Não se trata apenas de um ideal polímata, mas do despertar do Espírito de Ciência e de Verdade, retirando as amarras ideológicas que subjugam a Inteligência.



O Espírito de Ciência e o Seu Renascimento
 Por Álvaro Vinícius de Souza Silva
 
Data: 01/09/2015


 Não professo um idealismo sem raízes na realidade, mas cultivo um ideal pelo que a consciência me requer, na medida dos esforços e na medida em que os meus limites signifiquem centelhas de algum chamado, de algum ultrapassar em sacrifício. Por isso, tenciono o aperfeiçoamento contínuo da arte de pensar, de meditar e de praticar os altos ensinamentos, os quais são obtidos tanto pelo exercício da intuição de ordem superior quanto pelas escrituras dos sábios milenares. Acredito que a Inteligência tende ao Espírito de Ciência e de Verdade. Não são as habilidades que nos guiam à ciência. Trata-se apenas de uma questão de fé inabalável no puro inteligir.

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  Nas primeiras décadas do século XXI sublevam-se a aurora da desordem e a tentativa furiosa de esfacelar todo o legado espiritual das antigas tradições religiosas. Esse precioso legado, ao contrário do que imaginam, nunca será destruído pois ele não depende da ação do homem para existir, mas apenas para se manifestar em seu domínio. Como diz expressamente o Evangelho, "o que é da carne, é da carne; o que é do espírito, é do espírito." Com efeito, o homem contemporâneo só conseguirá deter a manifestação do espírito universal pelo desprezo que tem pelo sagrado e pelo rito. Sua arrogância materialista apenas inchará a sua finitude com tudo aquilo que lhe traz êxtase sensorial, na cega vontade de seus desejos e pelo disforme ímpeto de seus instintos.
    Se o século XX foi marcado pelo fervor ideológico, o século XXI poderá ser lembrado pela marca do niilismo civilizacional e pela frágil ordem mundial racionalista, por meio da qual diversos grupos internacionais disputam o Poder Mundial na base da pura dialética dos interesses. Segundo Marquês de Maricá, "a dialética do interesse é quase sempre mais poderosa que a da razão e consciência." Concordaria plenamente com essa afirmação se houvesse a seguinte reformulação: a dialética dos interesses é quase sempre mais poderosa que a da razão e consciência, quando não existe nada além da própria razão. O escritor Gilbert K.Chesterton, em Ortodoxia, diz que "Louco não é o homem que perdeu a razão. Louco é o homem que perdeu tudo menos a razão." Dito isso, convém observar que pela "razão" surgiram as ideologias nos últimos séculos e pelos efeitos das ideologias a "razão" poderá sucumbir. 
   A ideia da "razão" enquanto o novo alvorecer da ordem humana acompanha, no decurso de 300 anos, a erupção de revoluções sangrentas e a sucessiva queda da intelectualidade superior para uma pretensa intelectualidade fundada em questões puramente pautadas em fatos sociais e em um suposto progresso humano para a satisfação do bem-estar físico de cada um. É inegável que houve o aparecimento de técnicas sofisticadas, desde o motor à vapor ao desenvolvimento da computação digital na segunda metade do século XX. Mas essa capacidade construtiva do homem não foi desperta por instâncias de uniformização coletiva, tal qual o que as ideologias advogam,  mas pelo genuíno valor do homem em sua consciência perante à tensão entre sua propensão natural a desvendar o mistério e as forças de ordem humana que o conformam na habitualidade de sua época. 
   Quando Aristóteles diz que "Todo homem tem o desejo de conhecer", ele já o identifica como um ser dotado do Espírito de Ciência, e apenas um ser que possua consciência (com, "junto"; scire, "saber") poderia autodeterminar-se em sua busca pelo fulgor do universal.  Mesmo assim, há espíritos mais voltados ao conhecer enquanto outros não se interessam tanto pelo exercício da ciência. Isso poderia contradizer a afirmação de Aristóteles só se houvesse a confusão entre a intensidade de conhecer e a inclinação natural do homem para conhecer.  [edição do texto em andamento]
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